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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Evoluímos?

A cada dia vemos, escutamos e colocamos em prática  coisas piores que ontem. A cada dia nos tornamos mais monstros movidos pelo ódio, ganância, inveja e todas as maldades. Foi para isso que evoluímos motivados pela irracionalidade? A nossa essência  perdeu-se no tempo?
O ser humano está  infectado transmitindo a doença, e nesse processo ficam comprometidos a capacidade de julgamento à luz da evolução.
Pena de mim, pena de você, pena de nós.
Stela Emilia Gusmão
02/02/2017

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Calendário

E temos nossa história
na aurora que brilha
no suspiro de uma lágrima
nas alegrias de  tantas tolices
no calendário de um dia findo.

Tudo habita no meu corpo
 gozos em partilhadas penas
sentimentos se afogando no abraço
sonhos de uma vida me observando sem respostas
 alegrias , tristezas, encontros,
 desencontros, indagações e certezas.

Nada sei.
Os anos passaram correndo.
Num jardim, flores e sementes, que não vêem o tempo
murchando, e florindo seguindo seu curso.
Recriações de criança, simples de realidade e fantasia,
 soprando alegrias antigas e brindando o presente,
agitadas pelo vento e tocando-me ao ponto de onde parti.
Na terra a morte e o nascer partilhados no mesmo chão.

E lá vai ele
 Ofuscando os olhos, atravessando a vida,
 liberto a entoar seu ritmo
  desbotando as cores mas, avivando as belezas
do renascer dessa fonte,
qual lua cobrindo e descobrindo o ardor do sol,
anunciando o tempo decorrido.

E, aqui estou eu
no ritual da festa como uma bruma em aurora nova.
O sopro  dos silêncios me consolam,
 deixando-me por conta do acaso, na síntese desses escritos,
 voando em deleite a calorosa vida
pelos sonhos que em mim vive e ainda se libertam.

O dia decorre assim no tempo de um sol em 11 de abril.

Stela Emilia Gusmão 
11/04/2016

segunda-feira, 28 de março de 2016

Catas Altas


Por entre bosques e cantos
passa a brisa como notas
no murmúrio do riacho
a jorrar adormecidos sonhos
como se divindades acordassem
deslizando pelas correntezas.

 Encantos nostálgicos da pureza
intensas carícias se harmonizam
em meio a neblina e penumbra
nesse universo de partilhas.

A chuva chegara e partira
o sol adentra pela janela
com o ardor dos limites descortinando
num brilho perfeito permitindo
ao meu eu ensolarado
os recortes do presente.

Stela Emilia Gusmão
15/01/09

quinta-feira, 24 de março de 2016

Mosaico

      Em cada canto soam ao despertar, tantas melodias, que se ajuntam às muitas vozes e, se lançam no dia a dia do mundo, agitando-se num ritmo selvagem, como se quisessem parar o tempo, ou ainda acobertando-se no anonimato do asfalto sombrio, infecundo de esperanças.
    As peças do mosaico vão sendo montadas pelos risos, gemidos, amores, desamores, lutas,  esperanças e desconsolos, dialogando com os recortes das faces de contornos enovelados pelos caminhos dos passos apressados que se bifurcam em parceria com o acaso.
     Tudo tão indescritível nessas ruas: Nas dobras de cada esquina um coexistir permanente com vestes de crenças e descrenças que se materializam nas entregas pela correria agitada dos cruzamentos e atalhos, enquanto o relógio marca o tempo na contagem dos dias, seja na credulidade ante os sonhos, ou  desafiando as incertezas da própria vulnerabilidade.
    Juntam-se às minhas reflexões: O que se move em cada corpo? Qual a mágica partilha por estradas retas ou sinuosas,  por caminhos curtos ou longos? Qual afirmação ou negação reveladora de cada esforço da lenda pessoal de cada um? As respostas se calam, emudecem na incógnita dos episódios, desfilando na trama do entardecer desses vários mundos, que se encontram ou se perdem na mesma aventura de prosseguir, embrulhados na paisagem de um trajeto, ou, do mesmo modo, relutantes em ratificar uma nova realidade.
     Vai-se o dia e, pela transpiração de todo corpo empertigado de esperas, com passos lentos, absortos, retornam da luta diária, congestionados nos engarrafamentos, ou enfileirados defronte as estações. Fugazes momentos na réstia de luz brilham e, pouco a pouco, agregados em seus abrigos, numa conexão de acolhimento, calam seus prantos, entre sorrisos e lamentações, rendem a alma no aconchego e se afogam no rebroto do jejum do dia. Ou, na crueza do anonimato, fazendo do céu o esteio nos abismos obscuros a reconhecer-se de longe pela luz que emana de alguma janela, numa negação escondidos e mergulhados em seus próprios corpos a render-se aos passos da madrugada que chega silenciosa.
    Aquietam-se. Reina a paz ou ressoam gemidos e lamentações para o encontro marcado com o novo dia.
   Enfim, contraditórias vidas, com sentimentos diversos rascunhados de ilusões, retratadas em sombras ou claridades e, desconhecidamente entreaberta no consolo da abstração de cada história, apesar de tudo. 
   Amanhã a labuta reinicia, fertilizando recomeços em novas buscas, avançando nas reticências de um mesmo chão, e nessa efervescência permanente prosseguem pela luta diária, movidos pelos desejos mais profundos, por vezes vividos e, por outras, apenas silenciosamente sonhados.
   

Stela Emilia Gusmão
20/03/2014